segunda-feira, 9 de junho de 2008

Quais são as suas vaquinhas?

Moacir Jorge Rauber

Diz a história que um mestre e seu discípulo caminhavam tranquilamente pelos campos de uma região. Avistaram um pequeno sítio do qual se aproximaram. Conversaram sobre amenidades quando o mestre, vendo a grande miséria de que padeciam os moradores, perguntou: Como vocês fazem para viver aqui? Bom, respondeu o dono da casa, nós temos uma vaquinha que nos dá o leite para que possamos nos alimentar. Quando sobra um pouco a gente vende e assim vamos levando a vida. O mestre ouviu atentamente, despediu-se e seguiu a caminhada. De passagem pela pastagem ele viu a vaquinha à beira de um barranco, aproximou-se e a empurrou despenhadeiro abaixo. O discípulo ficou apavorado e questionou o mestre Como é que eles vão viver agora? O mestre continuou calado e seguiu seu caminho. Anos mais tarde o mestre e seu discípulo transitavam pela mesma região e avistaram, no lugar do velho sítio, uma propriedade bem estruturada, com grande produção de grãos, leite, suínos, entre outros produtos. O mestre perguntou: O que aconteceu desde a última vez que estivemos aqui? Bom, responde o proprietário do sítio, no mesmo dia da sua última visita a nossa vaquinha caiu no precipício e morreu. No começo pensamos que seria o nosso fim. Mas a necessidade fez com que buscássemos outras alternativas, que resultou nessa propriedade produtiva. Neste momento o discípulo entendeu a atitude do mestre, que ao empurrar a vaquinha no barranco fez com que aquela família saísse da acomodação na qual se encontravam.

Essa história pode retratar muito bem a realidade da grande maioria de todos nós, que muitas vezes estamos tão acomodados em nossa rotina diária que não vemos as oportunidades. Fazemos todos os dias as mesmas coisas, seguindo a mesma rotina, certamente produzindo um resultado sempre igual. Essa rotina se conhece como zona de conforto, pois transitar por ela não gera sustos nem sobressaltos, porque não se mantém contato com nada que não se conheça, sendo confortável por isso. Mas pode acontecer um imprevisto, como chegar um desconhecido e acabar com nosso conforto ao empurrar a “vaca” no despenhadeiro. Esse é um constante perigo de quem permanece na zona de conforto, dependendo de uma só atividade ou habilidade. Por isso, faz-se necessário que algumas vezes saiamos de nossa rotina, caminhemos por novos caminhos, novas estradas, que nos possibilitem ver novas alternativas. Você sendo um empresário deve ficar atento as tendências do mercado para poder perceber novos nichos ou mesmo novos negócios. Para aqueles que estão no mercado vendendo o seu trabalho, faz-se necessário que ampliem suas redes de contato, que estudem e se aprimorem, adquirindo novas competências e desenvolvendo novas habilidades. Isto vale, inclusive, caso você seja um dos poucos afortunados plenamente satisfeitos com a sua vida. Isto porque, com ou sem você, o ambiente onde estamos está mudando.
Por fim, não quero dizer com isso que devemos sair “empurrando nossas vaquinhas despenhadeiro abaixo”, como fez o “mestre”, porque esse foi um tratamento de choque e de alto risco. Digo apenas que devemos ter um pensamento estratégico e uma visão sistêmica aguçada o suficiente para não dependermos de “uma vaquinha”, mas que nos permita aumentar o rebanho diminuindo, conseqüentemente, o risco. Isto porque se alguém empurrar uma de nossas vacas, ainda teremos outras para prosseguir a jornada sem maiores sobressaltos. Por isso pergunto, quais são as suas vaquinhas? Fique de olho...

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