segunda-feira, 25 de maio de 2009

A casa e o carro...

Ana Mari Zamprogna

Quando olho para uma casa penso em “lar..., refúgio..., aconchego..., segurança – casa – própria, alugada, apartamento - casa..., enfim, lugar onde se vive. Casa..., lugar para onde se vai.... se volta... se guarda coisas... se protege pessoas....se convive... se ama...se é feliz ou...infeliz...onde se guarda vida, pessoas...seres....sentimentos...histórias...!

Pensando em todas essas possibilidades e oportunidades de se viver/estar em casa, fiquei analisando as tendências da arquitetura e decoração das casas “modernas”. Parece tudo padronizado, inclusive as cores pastéis. Da cozinha à sala, aos quartos... é o mesmo tom – variações do bege e do marrom. O design é o mesmo.... as mesmas linhas...e a sensação também é a mesma. É um show-room – belo e impessoal....frio e distante. Ali nada aparece, tudo se guarda em grandes ou pequenos compartimentos, tudo se esconde...nada se mostra. A história se perde....o aconchego se esconde e o refúgio desaparece nas cores sem vida...ou não se mostra. Parece tudo preto e branco...sem cor e sem vida. Lembra aquele filme “A vida em preto e branco”...

Numa época em que se busca humanizar as relações interpessoais – na família, no trabalho, na vida social, na dinâmica das relações humanas, parece que o moderno vai de encontro a essas idéias – marcando ambientes bonitos, mas frios, requintados, mas inertes - despidos de vida e vivências, dos sentimentos e das histórias, das referências...dos sonhos de futuro...das coisas de Deus...Ciência....Universo – Homem/Mulher – ser humano – suas características..., suas polêmicas e suas nuances! É o que me parece.

A Terra é a nossa casa – nosso planeta é a nossa casa! E ela é cheia de coisas e particularidades...de marcas. Tem luz, tem sol, está sujeita à chuvas e trovoadas, ventos e fenômenos naturais, tem história, enfim, ..... tem vida.

Penso que é isso que devemos encontrar nas casas e moradias – a história de quem vive nelas, a vida de quem as habita, a emoção de quem as constrói e a alegria de quem as usufrui...tudo isso. No meu entender, as casas devem destinar-se ao viver..., não ao “estar”, não ao “parecer”, não ao “demonstrar”, não ao ‘esconder’.
Falo isso porque basta olhar as propagandas dos móveis modulados, de cozinhas e quartos, de salas....tudo parece igual..., sem cor....sem vida...sem emoção.
Parece que você está sempre dentro da loja, onde tudo está disposto da mesma maneira, sempre – bonito, mas impessoal e frio.

E se nós fazemos a história,...a vida...,as tendências seguem o nosso fazer, o nosso pensar, o nosso sentir....agir....e por aí...!

E saio desse pensamento para uma analogia bem simples e, para mim, bem poderosa – essas tendências entram nas nossas casas....nas nossas vidas, tal qual o conformismo e a apatia. Já não nos importamos, ou, se nos importamos não reagimos... à violência, à pedofilia, à corrupção....e aceitamos o futuro sem sonhos, sem cores e sem alegria. Basta tudo parecer bonito, limpo e chique! Mas podemos ser modernos e discretos, sem perder a essência, sem perder nossas características mais fortes – a da humanidade.

O carro...ah, ... este com certeza será moderno, mas, também deverá ser funcional para quem dele se utiliza – as pessoas... - o homem....a mulher....o idoso....com ou sem deficiência....o casal com crianças....com bichos... enfim.....fim.

terça-feira, 17 de março de 2009

Não é natural!!!

Moacir Jorge Rauber

Anaí estava feliz e orgulhosa. No dia 25 completaria 25 anos e poderia entrar em sua velha nova casa. Ela havia conseguido comprar uma casa muito antiga, numa região nobre da cidade, mas que reformou completamente. Foram meses de trabalho, mas estava valendo a pena cada tostão nela investido. Preservou nela tudo o que era possível do projeto original, mas também pôs nela tudo o que era imaginável de moderno, prático e tecnológico. A verdadeira casa do futuro. Luzes que se acendem com comando de voz, paredes interativas, entre outras maravilhas tecnológicas, com soluções integradas do começo ao fim.

Assim, dentro de sua própria casa poderia criar diferentes realidades virtuais, com mundos tridimensionais simulando que se está nele. Ela adorava o seu trabalho, onde recriava realidades que já não eram mais tão comuns. Baseava-se em documentários sobre a Amazônia, sobre a África e outros locais onde a fauna e a flora já haviam sido ricas para se inspirar, para oferecer aos seus clientes paisagens fabulosas, jardins maravilhosos, arranjos urbanísticos simplesmente inimagináveis, que a própria natureza não seria capaz de fazer melhor, segundo ela. Ela criava isso tudo, mesmo sendo completamente cosmopolita. Em toda sua existência não se lembrava de um contato direto com a natureza. Sempre esteve envolvida com os estudos, com seus computadores, com a internet e com o mundo virtual, que permitia a ela ter acesso a tudo sem ter que sair de casa. Inclusive com as impressões sensoriais permitidas pelo ambiente virtual. A natureza não lhe fazia falta.

Com esses pensamentos ela perambulava pela sua nova velha casa. Um ambiente para o trabalho, dividido em salas e muito espaço. Paredes inteiras que eram telas gigantes que permitiam visualizar suas criações. A área de serviço com tudo que se precisa para que o esforço humano seja mínimo. A sala de jantar e a cozinha envolvidas numa atmosfera futurística, numa construção centenária. Realmente estava tudo perfeito. Dirigiu-se até o seu quarto que teve atenção especial, porque quando não trabalhava era nele que passaria boa parte de seu tempo. Por fim resolveu abrir a imensa janela para arejá-lo. Puxou a cortina. Havia uma janela de vidro e por fora uma veneziana. A parede era bastante grossa e no espaço entre uma e outra percebeu um vaso de flor. Olhou um pouco desconfiada, mas a flor estava num ponto em que ela absorvia luz por uma fresta mal vedada pelos homens da reforma. “Bom, pelo menos a flor sobreviveu!” Observou-a, percebendo que ainda estava muito bonita. Tocou-lhe suavemente as folhas, pensando, “Posso ter pelo menos uma planta em casa” e em seguida levou-a, colocando-a sobre a mesa na sala de jantar. Seria única coisa viva, além dela, na casa. Não gostava de bichos.
Assim Anaí retomou sua rotina diária. Muito organizada e disciplinada, levantava todas as manhãs, olhava sua plantinha e se encaminhava ao trabalho. Saía muito pouco, uma vez que seus clientes a procuravam em sua casa. Tampouco era necessário sair para fazer compras ou ir ao banco, pois fazia isso tudo a partir de casa. Nos finais de semana se divertia com seus inúmeros jogos, usando suas luvas de dados, seus joysticks e toda a parafernália cibernética que lhe proporcionava imenso prazer, participando de campeonatos e competições com pessoas do mundo todo. Eventualmente se encontrava num ciber café com seus amigos de rede. Vez por outra fazia viagens de trabalho. O restante a sua casa lhe proporcionava. A rotina havia se instalado melhor do que o esperado. Feliz e realizada profissionalmente, a existência daquela planta em sua vida começou a despertar-lhe um sentimento muito estranho, mas gratificante. Realmente era prazeroso regá-la semanalmente, e observar a sua beleza. Ela estava tomando conta de uma vida. As folhas verdes, aquele caule fino e delicado, aqueles botões de flores que teimavam em não desabrochar, mas ela era paciente. Cuidaria e esperaria.
Certa manhã, enquanto regava cuidadosamente sua planta, Anaí fez-lhe um carinho, mas sem querer segurou numa de suas folhas com muita força arrancando-a do tronco. Aquele gesto atabalhoado lhe encheu de tristeza. Pode sentir a dor que a sua querida planta sentia ao ter arrancada uma de suas folhas. Parecia que a podia ver chorando, enquanto segurava na palma de sua mão aquela folha agora sem vida. Observou-a com o coração apertado e percebeu uma saliência estranha no ponto de ruptura com o caule. “Nossa, isso está parecendo um encaixe”. Analisou-a mais detalhadamente, forçou sua textura com a unha e exclamou “Não é natural!”.
Realmente não é natural que as pessoas passem suas vidas sem conhecer a natureza, levando as empresas para dentro de suas casas, sem a noção da diferença entre trabalho e lazer.

quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

Quem avalia o avaliador?

Uma preocupação dos tempos atuais seja nos ambientes corporativo, político ou social é a sustentabilidade. Assim como no caso de outros temas que viraram história, parece que, para muitos, buscar a sustentabilidade é a resposta para todos os males do mundo moderno. Mas, parafraseando Madame Roland, me atrevo a afirmar: “Ó Sustentabilidade! Quantas barbaridades se cometem em teu nome”. Dentro do espaço corporativo, escolhi um tema potencialmente gerador de algumas dessas barbaridades: a Avaliação de Desempenho.

Com maior ou menor estruturação, as empresas atuais costumam organizar suas operações com o formato de processos. E as empresas mais conscientes procuram focar seus processos nos requisitos da sustentabilidade. Mas, que é sustentabilidade? Gosto de utilizar a seguinte definição, contida no Relatório Brundtland, de 1987: Sustentabilidade é “suprir as necessidades da geração presente sem afetar a habilidade das gerações futuras de suprir as suas”. Mas, embora haja diferentes nuances nas definições de sustentabilidade para cada caso, elas sempre desembocam, ou pelo menos tangenciam, em questões éticas. E é ao evitar ou esquecer de discutir tais questões que as organizações podem cometer algumas barbaridades.
Considero o desempenho das pessoas uma das peças fundamentais para a sustentabilidade das empresas. Por isso, proponho uma reflexão sobre sustentabilidade e ética na etapa mais crítica de um sistema de gestão do desempenho: o processo de Avaliação do Desempenho. Usarei três lentes para examinar a questão: Respeito, Lealdade e Transparência. Se olharmos isentamente tal processo, podemos notar que ele tem muitas características de um verdadeiro tribunal de exceção, sem defesa e sem júri. Entretanto ele é fundamental e imprescindível para o sucesso, tanto das organizações como das pessoas que a constituem. Por isso, defendo que seja mantido e valorizado sem jamais perder de vista suas questões éticas que podem impactar a vida de seres humanos. No livro “A 25ª hora”, de C. Virgil Gheorghiu (Lisboa: Bertrand, 1973), existe um diálogo (numa discussão sobre o envio de operários escravos para a Alemanha) que expressa bem como podemos esquecer do lado humano das pessoas sem sequer nos darmos conta disso:
- Isto é o que há de mais grave – disse o Conde. – Sim, porque isso quer dizer que não tens respeito nenhum pelo ser humano. E tu também és um ser humano. Não tens portanto respeito algum por ti mesmo.
- Eu respeito cada homem segundo o seu valor – disse Luciano. – Não creio que tenhas motivo de queixa contra mim nesse sentido.
- Respeitas o homem como respeitas o teu automóvel, porque representa um certo valor.”
E aí vem a primeira questão. Quanto os processos de avaliação – e o uso que se faz dos seus resultados – respeitam as pessoas como seres humanos? Quem avalia o desempenho de alguém deve entender que seu pronunciamento é uma verdadeira sentença que pode alavancar ou bloquear uma vida profissional e pessoal. Vai decidir, ou pelo menos influenciar, o futuro da pessoa avaliada. Mas, atenção!, não é só o futuro profissional. Trata-se da vida de alguém que tem família, tem amigos, tem sonhos. Enfatizo: o desempenho profissional é apenas um dos componentes do mosaico que é a vida de cada um. Não podemos limitar as pessoas a serem apenas o “capital humano” das empresas. Respeitar o ser humano que está sendo avaliado é a primeira das lentes que proponho para olhar esse processo. E pode ser a menos difícil de usar.
A lealdade talvez seja o item mais crítico a ser observado. Lealdade aqui significa usar este instrumento sem finalidades do jogo político ou financeiro. Quem avalia tem condição de fazer uma avaliação isenta de meras opiniões pessoais, potencialmente contaminadas com sentimentos de simpatia ou aversão? Há uma preparação cuidadosa dos avaliadores para serem juizes do desempenho alheio? E como são preparados os avaliados para fazerem sua auto-avaliação e entenderem o papel do avaliador? Quem avalia o avaliador? A avaliação é fundamentada em observações criticamente criteriosas, que consideram todas as variáveis que podem impactar o desempenho? E, ainda sob esta lente, o uso que se faz dos resultados da avaliação está focado apenas nos interesses da empresa ou há espaço para valorizar o ser humano e suas aspirações pessoais? (Para estas e outras questões de lealdade, sugiro assistir o filme “A questão humana” – Direção de Nicolas Klotz, 2007).
E, enfim, é preciso reconhecer que as organizações empresariais não devem nem podem ser instituições de benemerência. Elas sobrevivem pelo desempenho das pessoas que a corporificam. E é aí que entra a lente da transparência. O bom desempenho é indispensável para a sustentabilidade das empresas; mas não pode deixar de lado a sustentabilidade da pessoa avaliada. O avaliado deve ter claro o que se espera dele; precisa ser informado claramente sobre como está sendo observado seu desempenho; tem todo o direito de saber os planos reais que a empresa tem para ele: sejam de progresso, correções ou até realinhamentos da carreira e desligamento. Sem eufemismos que lancem verdadeiras cortinas de fumaça sobre questões delicadas. É através do tratamento justo, indispensável para que a transparência exista, que uma pessoa que trabalha numa organização pode ser considerada não apenas pelo seu valor, como um objeto, mas como um ser humano integral.
Claro que estas questões não têm todas as respostas, ainda. Meu intuito é provocar a discussão do tema. Não podemos, todos os responsáveis pela gestão de pessoas, ter receio de enfrentar os aspectos mais difíceis do tema. É fazendo perguntas e buscando as respostas para elas que o ser humano evolui.
Toledo Jr, Paulo Celso de Paulo Celso de Toledo Jr - Diretor de Projetos da LCZ Consultoria em Desenvolvimento de Pessoas e Organizações.

Puclicado em:
http://www.hsm.com.br/editorias/gestaodepessoas/Quem_avalia_avaliador.php?ppag=1

quarta-feira, 26 de novembro de 2008

Felicidade Interna Bruta

Alexandra Delfino de Sousa*

Cerca de 1.000 pessoas compareceram à I Conferência Nacional do FIB, realizada pelo Instituto Visão no SESC Pinheiros, em São Paulo, no dia 29 de outubro. Aos olhos de alguns, o tema parecia um tanto insólito: uma medida de felicidade nacional vinda de um país longínquo. O que teria o Butão a ensinar ao mundo? Muito. Nesses tempos em que a crise mundial é só mais um acontecimento a revelar o desequilíbrio de nossa sociedade, a receita do Butão é, no mínimo, uma fonte de inspiração – para nações, empresas e indivíduos.
Ao propor o FIB (Felicidade Interna Bruta), um índice de desenvolvimento que não leva em conta somente os aspectos materiais da existência, essa pequena nação asiática alerta: há mais do que dinheiro a se aspirar. Afinal, a ciência chamada Hedônica já provou que, após um determinado patamar de renda, ninguém fica mais feliz com o seu incremento.
A idéia do FIB não é nova e eu me lembro bem de um texto que circulou na internet há alguns anos, falando dessa tal felicidade bruta, que eu, na minha ignorância, pensava ser “coisa para budistas”. Talvez tivesse mesmo sido necessário um coração desapegado para conceber essa inovação, mas ela não está atrelada a nenhuma religião. Está, sim, ligada ao desenvolvimento de um povo. É uma idéia que o Canadá, a Inglaterra e a Tailândia já aprovaram e estão adaptando às suas realidades. Uma idéia que a ONU apóia e quer ver difundida, talvez em substituição às suas Metas do Milênio. Uma idéia que poderia ajudar a mudar, para melhor, o rumo das coisas no Brasil. Esta parecia ser justamente a esperança do público do evento, bem como de seus palestrantes – representantes do Butão, do Canadá e do Brasil.

A ONU, ao estabelecer o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), em 1993, de algum modo sinalizou que o Produto Interno Bruto (PIB) não era adequado para medir o desenvolvimento de um povo. O PIB mede um progresso que pode perfeitamente esconder retrocessos ou danos que seriam proibitivos, se fossem levados em consideração. Como ressaltou o secretário do verde e do meio ambiente do município de São Paulo, Eduardo Jorge, vender soja para alimentar os porcos da China faz o PIB do Brasil crescer, mas o custo para os ecossistemas, contudo, não se parece nem de longe com desenvolvimento.

Felicidade Interna Bruta
Uma humilde contribuição de um jovem rei – Dasho Karma Ura é o presidente do Centro para os Estudos do Butão, fundado pelo Programa de Desenvolvimento das Nações Unidas (PNUD). Mestre em economia, filosofia e política, ele explicou que o conceito do FIB é produto do insight de um jovem que, à época, contava apenas 20 anos: o rei Jigme Singye Wangchuck. “O FIB é uma humilde oferta do Butão para o mundo”, conta Karma Ura. Era 1986 e o monarca parecia antever que, nas décadas que se sucederiam, o mundo daria mostras de que o seu crescimento não fora seguido por um aumento de felicidade das pessoas.
O palestrante butanês reforçou que o PIB pode ser resultado da adoção de meios brutais para gerar índices de crescimento. “O mundo é bom em registrar dinheiro, mas é falho no que diz respeito ao capital humano e ao capital social, que fazem enorme diferença para a felicidade individual e a coletiva”, salientou.
Ele defende que o governo não deve deixar para os indivíduos sozinhos buscarem uma vida de bem-estar e felicidade: “Os governos deveriam ter como missão prover aos cidadãos meios para alcançarem as metas que são compartilhadas por todos os seres humanos: felicidade, satisfação na vida e bem-estar”.

Indicadores que balizam o orçamento – De acordo com Karma Ura, os índices do FIB avaliam e orientam o planejamento do desenvolvimento do Butão, dentro de nove dimensões:

  • bem-estar psicológico;
  • acesso à cultura;
  • proteção ambiental;
  • vitalidade comunitária;
  • boa saúde;
  • gerenciamento equilibrado do tempo;
  • bom padrão de vida econômica;
  • boa governança;
  • educação de qualidade.

O que o Butão faz é selecionar, para cada uma das dimensões, atributos que as compõem. Mede cada um dos atributos por meio de pesquisas junto à sua população e chega a um índice cujo valor máximo é 1,0. Hoje, o FIB do Butão é 0,6.

“Baseados nos nossos valores, precisamos formular indicadores”, disse o homem em belos trajes orientais. Mas essa não seria uma frase típica de um consultor de estratégia empresarial? Pois é, parece que devemos medir e acompanhar o que nos serve. A questão básica é definir o que nos serve.

Como se vê, o padrão de vida econômica apenas compõe o FIB e não o define, pois ele é definido por um conjunto de dimensões, tanto objetivas quanto subjetivas, que resumem o que serve para as pessoas daquele país e norteiam a criação de políticas e a definição do orçamento.
Uau! Para mim, que já trabalhei em uma empresa na qual a simples menção da palavra “subjetividade” causava arrepios na alta cúpula cartesiana, diria que isso sim é que é “inovação de ruptura”... Ruptura com séculos de primazia do Homem de Lata antes do final feliz (aquele de Oz, para quem faltava um coração, lembra?).

O exemplo do Butão, no mínimo, dá um bom caldo para uma política de Recursos Humanos. Mas, a considerar o papel das empresas na sociedade, também pode inspirar as relações com clientes e fornecedores, bem como a cidadania corporativa. Afinal, onde há seres humanos, há dimensões e dimensões.

De minha parte, plagiando o bem-humorado economista Ladislau Dowbor, que proferiu uma brilhante palestra no evento, “eu quero é uma Bruta Felicidade Interna!”. A importação dessas mesmas nove dimensões pelo Brasil já seria um início e tanto. Ficarei na torcida. Enquanto isso, vou rever as dimensões que me exprimem. Qual próximo de 1,0 estará meu FIB? E o da sua empresa?

Sousa, Alexandra Delfino
Administradora de empresas e diretora da Palavra Mestra

terça-feira, 18 de novembro de 2008

O "Esperto" Johny


“Amanhã farei trinta anos”, pensava laconicamente Johny, enquanto olhava as paredes brancas daquele quarto onde havia passado os últimos noventa dias. “Quando é que havia começado tudo aquilo?” perguntava-se sem saber exatamente a resposta, procurando na memória, que não o ajudava muito, as lembranças que pudessem responder essa pergunta. Lembrava-se que desde muito novo se considerara diferente, pois era inteligente, simpático e muito querido por todos, tanto que os adultos o consideravam um menino prodígio. Lembrava-se também que na escola os professores e os colegas gostavam muito dele, porque ele contagiava a todos com seu bom humor. Essas lembranças traziam-lhe prazer e um leve sorriso se desenhou no seu rosto bonito, agora marcado pelas rugas e pelo envelhecimento precoce.

Mas de repente tudo desandou. O sorriso rapidamente desapareceu. Veio-lhe a mente a lembrança de sua primeira, de muitas expulsões na escola. Expulsaram-no porque fora apanhado com uma arma na mochila. Para ele andar armado era muito importante, porque afinal ele era um dos líderes da área. “Também tenho que defender a minha imagem. Quem é que eles pensam que são para me dizer o que fazer? Não passam de uns caretas!” Lembrava-se que esse desejo de se manter como o ícone da sua turma o levava a procurar brigas, criar rivalidades, humilhar aqueles “malditos CDFs”, que não faziam outra coisa a não ser estudar. “Como são atrasados esses caras! Estão na flor da idade e ficam aí estudando para uma profissão. Que bobagem, a gente tem é que aproveitar a vida agora” pensava Johny, “porque quem nos garante que amanhã ainda estaremos vivos”. Lembrava-se de Samantha, uma menina linda de quem ele gostava, embora ela não lhe desse atenção. Ela dizia que precisava estudar, porque queria ser médica. Aquilo o irritava, porque afinal ele era “o Cara” da escola e ela o ignorava. “Mas deixa pra lá, quem afinal está perdendo é ela!” pensava com uma arrogância digna de quem é o senhor da verdade. Assim continuava com sua rotina de farras. Todos os dias participava de alguma festa, muitas e muitas vezes até clarear o dia. Aos dezesseis anos sua primeira detenção por tráfico de drogas. Antes já havia tido passagens pela polícia por confusões, brigas, consumo de drogas e posse de armas, mas seu envolvimento com o tráfico aparecera somente agora. Logicamente por ser menor tiveram que soltá-lo rapidamente. Assim que retornou as ruas voltava a aterrorizar e a assustar muitos de seus ex-colegas. Teve que voltar para a sala de aula para não ser mandado para um centro de detenção para jovens e adolescentes. Era-lhe um suplício freqüentar as aulas com aquele bando de “babacas” e aqueles professores metidos a sabe tudo. Ao completar dezoito anos sentiu a plenitude da sua independência. Foi até a sala do diretor da escola, dizendo-lhe, “Por mim pode fechar esta espelunca, pois não serve para nada mesmo”. Chegou em casa pegou suas coisas e foi embora. Não precisaria mais de pai, nem de mãe, que também não passavam de uns chatos. O tempo foi passando e Johny continuava envolvido com muitas festas, álcool e drogas. Um dia, já com vinte e cinco anos, seus pais foram chamados porque haviam encontrado uma pessoa completamente nua, jogada num monte de lixo que atulhava uma das muitas ruas daquela cidade brasileira. Sim, lá estava o “Esperto” Johny, cheio de hematomas, desmaiado, tanto pelo espancamento como pelo excesso de drogas. Já não era o maioral da sua turma. Agora estava reduzido aquilo que sempre fora desde que quisera parecer tão esperto, um “otário”. Era apenas mais um daqueles muitos drogados e traficantes que se espalham pelos centros e bairros das cidades. Fora assaltado e espancado pelos seus “amigos” fornecedores de drogas, a quem não pagara. Seus pais o recolheram, levaram-no a casa, deram-lhe um banho e o conduziram a uma clínica de recuperação de dependentes químicos. Seriam três meses de tratamento e abstenção total do consumo de álcool e drogas. “Mas isso não poderia ser deste jeito”, afinal ele era Johny, “o Cara”, e não permaneceria todo esse tempo afastado da sua rotina. Passados os primeiros trinta dias de internamento, apesar das muitas visitas de seus pais, ele fugiu. Retornou ao seu círculo. E o círculo se fechou. Mais um internamento e mais uma fuga. Por fim, a última tentativa de seus pais. Parece que finalmente Johny havia entendido que jamais fora esperto. Aceitou passar o três meses na clínica. Tomara consciência que a vida deve ser vivida aos poucos, assim como ela nos é dada. Cada segundo, cada minuto, cada dia, cada ano na seqüência natural dos acontecimentos. Não há necessidade de querer acelerar os fatos. Via seus pais, que agora já estavam com mais de cinqüenta anos, mas eles pareciam mais jovens do que ele. Lembrava de alguns amigos que o visitaram nesse período de tratamento na clínica, também felizes e contentes, sem nunca terem tentado ser os mais espertos. Todos eles tinham sua profissão, a maioria deles estava casada e tinham seus filhos, enquanto ele, Johny, “o Esperto”, teria que começar tudo de novo. Começaria agora, aos trinta anos, porque a vida tem sua beleza em cada uma de suas etapas, desde que nós não as atropelemos.

Enquanto pensava nesses detalhes, buscando entender o momento em que deixara de ser aquele garoto que todos gostavam e se transformara no “Esperto Johny”, a porta se abre, entrando a doutora que o havia tratado. Uma mulher jovem, muito bonita com seu jaleco branco e com uma prancheta na mão: “Olá Johny, tudo bem contigo? Hoje é sexta-feira, teu último dia aqui conosco e amanhã você poderá comemorar teu aniversário em casa. Meus parabéns!” Johny a olhou e agradeceu “Muito obrigado, Samantha.” Era ela, a menina de quem ele gostara na sua infância e adolescência, que o ignorara para poder estudar, porque queria ser médica. Ela mesmo que o havia tratado nestes últimos três meses. Ele lhe dá um sorriso, agradece mais uma vez o tratamento, concluindo, timidamente “...posso convidá-la para almoçar conosco amanhã na casa de meus pais?” Ela lhe responde, “Obrigada, Johny, mas meu marido e eu vamos passar o final de semana na praia. Saímos assim que eu terminar o expediente. Mesmo assim muito obrigado!”
Ah, equilíbrio, como faria bem um pouco de equilíbrio na vida deste rapaz! Saber dosar o carisma pessoal com dedicação ao próximo...

quinta-feira, 9 de outubro de 2008

QUAL É O JOGO?

Marise Jalowitzki
Todos os dias encontramos pessoas que estão plenamente adaptadas ao mundo "moderno" e suas premissas: ganhar, lucrar, chegar na frente, lucrar com os outros, angustiar-se, enervar-se, lidar com o medo como um componente necessário e estrutural. Encontramos, também, aqueles que se prendem a doutrinas e dogmas para poder ter uma referência mais divinizada de Vida e que, exatamente por se prender tão fortemente a certos ditames, também acabam prisioneiras de seus preceitos. Também há aqueles que intentam melhorar, que procuram e realizam pequenas ações que possam conceder-lhes mais Paz e Harmonia, que não se preocupam em "salvar a humanidade", nem salvar a si próprios, pois pressentem que o Amor, que está contido em todos os atos, que existe em tudo, é a própria Realização e Libertação. E procuram permanecer conectados com eles. Roberto Happe é um desses. E o jogo que propõe é Jogar o Jogo do Amor, da Confiança e do Entendimento Diz:" Agora, o Jogo é Amar. O jogo é Confiar. O jogo é Entender! O maior presente que você pode dar aos seus amigos, ou a seu parceiro, é a confiança. A confiança de saber que ele é um ser divino e que vai fazer a coisa certa. [...]Abençõe os erros! Você nunca vai conhecer a verdade a não ser que tenha estudado tudo aquilo que não é Verdade. Temos de nos tornar mais confiantes com nosso próprio nível de conhecimento, de discernimento e acreditar mais em nós mesmos. [...}Para iniciar o Jogo, comece escrevendo todas as coisas do passado com as quais você não está feliz!Escreva-as e deixe-as ir embora. Ir embora. Ir embora. À medida em que você as deixa partir, você se liberta da sua dor, a dor que a Alma sente pelo mundo que aí está, pelo sistema, pelas situações.Todos estão sendo novamente colocados frente ao espelho, inclusive os líderes e os governantes e instigados a responder: DE QUE LADO VOCÊ ESTÁ? Você está ao lado do medo, da escuridão e do conflito, ganhando dinheiro às custas dos outros, ou Você está ao lado do Amor e da Luz e compartilhando e cooperando uns com os outros e servindo uns aos outros com que você sabe? Essa é a escolha! O ser humano é potencialmente criativo.Você pode contribuir positivamente para a Criação. Uma das maneiras é usar a imaginação, sonhar (dormindo e acordado) e imaginar como você quer o mundo, com o que você quer e como você irá ajudar nesse mundo. Estar a serviço é sorrir, é brindar o outro com o seu sorriso, é ouvir o canto dos pássaros, o som do amor através dos animais, ajudar alguém, sorrir para alguém." Para aqueles que puderem reservar 30 minutos de seu tempo para receber algumas pérolas, convido a assistir ao video na íntegra:http://www.roberthappe.net/port/video.htm
Abraços a todos!

terça-feira, 7 de outubro de 2008

Querer ser diferentes os torna iguais

Moacir Jorge Rauber

Um dos grandes desafios de boa parte dos seres humanos é ter a percepção de ser diferente, especial e único. Saber que não existe ninguém entre os mais de seis bilhões de habitantes que seja igual produz no indivíduo essa impressão e, certamente, revigora a vontade de viver, que é instintiva. Se por um lado o indivíduo se valoriza pela unicidade, por outro lado ele também busca a inclusão num grupo de iguais, que pode ser representado por uma religião, por uma nação, por uma torcida, por uma paixão, por uma profissão, enfim por um conjunto de pessoas com o qual tenha identificação. Esse é o dilema, ser igual sendo diferente ou ser diferente sendo igual.

Todo indivíduo, portanto, quer ser respeitado pela sua individualidade, pelo fato de ser único, diferente, um não igual a ninguém. Mas por outro lado nenhum indivíduo quer se sentir isolado, ou seja, tão único que fique sozinho. Por isso a busca pela identificação com algum grupo, justamente para que essa percepção do ser único não seja somente dele, mas principalmente da sua comunidade, da sua “tribo”, ou seja, no meio no qual está inserido, com reflexos na sociedade em geral.
Assim, tem-se o grupo de cantores, atores, artistas, músicos, compositores, surfistas, skatistas, filósofos, entre outros, que criaram algumas características únicas que os identificam como indivíduos, diferenciando-os do grande grupo da sociedade, mas igualando-os entre si. Essas características podem ter sido criadas propositadamente, assim como foram simplesmente surgindo no decorrer da existência de determinado grupo. Ao se tomar um grupo de pessoas unidas pela profissão, como no caso dos advogados que fazem uso da palavra “doutor” antes dos nomes dos profissionais, tem-se uma característica que foi inserida de forma proposital pela força corporativista do grupo, visando benefícios profissionais. Já os surfistas, casualmente criaram um vocabulário próprio que os identifica, sem contudo obter vantagens financeiras por isso.
Atualmente os integrantes de muitos dos grupos citados e não citados se sentem na obrigação de parecerem diferentes, independentemente do conteúdo a ser produzido pelos seus representantes. Desta forma o importante é parecer e não ser. Por isso são mais e mais cantores lançando moda e criando uma identidade visual própria. Esta diferenciação pode ser pelo fato de não ter identidade, para cada evento o inesperado em termos de vestimenta, de aparência. Também pode ser caracterizada por um detalhe que sempre o identificará, como um boné, uma casaca, um brinco, enfim, diferentes adornos pensados especialmente para se diferenciar. Assim sendo temos cantores que não são identificados pela interpretação de suas canções, mas pela performance de sua aparência. Essa mesma técnica se aplica a muitos outros grupos, como atores que buscam seu espaço no mundo das aparências e não do conteúdo de suas interpretações. Por isso cada vez menos se tem filósofos que se diferenciam pela sua filosofia; compositores por suas composições; pintores por suas obras; surfistas e skatistas por suas manobras; jornalistas por suas matérias; músicos por suas apresentações ou por seus arranjos.
Por fim, essa busca constante pela diferenciação é que os torna iguais. Cresce uma tendência em que mais e mais pessoas querem ser únicas, sem o comparativo existente num grupo o que os torna iguais, pelo fato de quererem ser diferentes. A imagem que se procura disseminar pode ser de alguém despojado, vencedor, em desacordo com o sistema, enfim, busca-se que ela se reflita em seus amigos, nos colegas, no trabalho e, também, naqueles que sequer conhecem, atendendo as exigências do mercado. Exigências essas que os levam para o mundo das aparências, ficando o conteúdo em segundo plano. Desta forma o fato de querer parecer ser diferente os tem tornado iguais, mas infelizmente essa igualdade está nivelada por baixo, somente nas aparências, quando deveriam buscar a diferença dentro do seu grupo de iguais em suas produções.

terça-feira, 2 de setembro de 2008

X-bacon ou X-egg

Moacir Jorge Rauber
A gestão de pessoas tem se travestido de muitos modismos em sua trajetória nos séculos 20 e 21. As influências de teóricos como Taylor, buscando maximizar a produção, e de Fayol, com sua divisão de planejar, organizar, coordenar, comandar e controlar, contribuíram no papel atualmente desempenhado pelo departamento de pessoal, pela área de recursos humanos, de gestão de pessoas ou outro nome que se dê à área que regulamenta quem e como se trabalha em cada organização. Considere-se o conceito de gestão de pessoas, segundo Fisher e Fleury (1998), como o “conjunto de políticas e práticas definidas de uma organização para orientar o comportamento humano e as relações interpessoais no ambiente de trabalho” que, fundamentalmente, busca um colaborador produtivo, eficiente e eficaz, que traga os resultados esperados pela organização, como sempre.
Embora muitos desses modismos tenham sido concebidos em patamares diferentes, alguns voltados a processos, outros para atender a legislação, por fim todos eles têm em comum a melhoria dos resultados e, conseqüentemente dos lucros, objetivo primeiro de qualquer organização, seja ela pública ou privada, com fins econômicos ou não. Seja esse lucro financeiro ou outro, dependendo a finalidade para a qual foi constituída cada organização.
Hoje se tem trabalhado com uma tendência chamada gestão de pessoas por competência, que consiste em “implementar ações que permitam conhecer, potencializar, integrar e subsidiar a gestão das competências individuais e institucionais visando a auto-realização das pessoas e a excelência no cumprimento da missão institucional” (http://www.prdu.rei.unicamp.br/gestao_por_processos/palestras/Palestra_Gestao_de_Pessoas.pdf). Deste modo, pessoas são contratadas pelos conhecimentos e pelas habilidades, mas são demitidas pelas atitudes.
Pessoas são avaliadas, no contexto de sua organização, em competências escolhidas pelos gestores como importantes para que a empresa alcance seus objetivos estabelecidos por meio de metas em seu planejamento estratégico e medidos por indicadores preestabelecidos. Nesse contexto, as organizações têm implementado programas de avaliação e gestão do desempenho do seu quadro funcional. Ao iniciar um processo de avaliação do desempenho as organizações têm tomado muitas precauções e cuidados na sua condução. Normalmente contrata-se uma consultoria para realizar o convencimento dos gestores da importância da implementação da metodologia. Esse convencimento é estendido aos níveis de coordenação, supervisão ou gerência, para finalmente alcançar os demais níveis organizacionais. Neste esforço são despendidos horas de treinamento, dinâmicas, cursos e jogos envolvendo e fazendo com que os colaboradores se convençam da importância da avaliação de desempenho, destacando-se que o maior beneficiário será o próprio colaborador. Criam-se grupos de gestão, processos de avaliação de consenso e motivam-se os colaboradores para que sejam transparentes em suas auto-avaliações, bem como nas avaliações dos colegas de trabalho, ao apontar seus pontos fortes e os fracos. Solicita-se que os responsáveis por cada área sejam profissionais na hora de dar o retorno para os seus colaboradores sobre a avaliação de desempenho consensada em um grupo, onde estavam os seus colegas de trabalho e, principalmente, o gestor. Por fim, pede-se que o avaliado receba as críticas ao seu desempenho de forma a detectar as inúmeras oportunidades para melhoria, sendo ele o grande beneficiado de todo o processo.
Apesar de todo cuidado na implementação de um programa de avaliação de desempenho por competências, muitas organizações pecam por não alinhar discurso e prática. Tome-se como exemplo uma organização que entre as competências escolhidas esteja a de Compromisso Institucional, que em sua forma conceitual pode ser entendida como comprometimento organizacional, segundo NORTHCAFT e NEALE apud MORAES et. al., 1995, p.178, é “mais que uma simples lealdade à organização, o comprometimento é um processo através do qual os indivíduos expressam sua preocupação com o bem-estar e o sucesso da organização em que atuam”. Considerando-se tal conceito numa avaliação de desempenho relativa a competência do Compromisso Institucional, em muitos casos, é usada a metáfora da galinha e do porco. Gestores contam a história do X-Bacon e do X-Eggs, illustrando a história dos ingredientes, da composição de cada um dos produtos, sem dar destaque aos elementos como pão, maionese, salada, catchup, entre outros. A ênfase da história se volta justamente a participação da galinha, no X-eggs, e do porco, no X-Bacon. A galinha somente dá o ovo e leva sua vida normalmente. O porco, ao contrário, dá sua própria vida para que o produto possa existir. Terminam sua história dizendo que precisam de colaboradores comprometidos com a organização, como o porco no X-Bacon. Reforçam a idéia que colaboradores somente envolvidos, como a galinha no X-Eggs, serem dispensáveis.
Por motivos como este, peca-se. O discurso de que o grande beneficiado do processo é o colaborador, cai por terra. Considera-se a metáfora do porco e da galinha, com esta ênfase, aplicados a vida organizacional de lamentável infelicidade. Isto porque se vive numa época em que todas as relações necessitam de uma via dupla de comunicação. Seja ela entre pessoas, entre organizações, entre países, entre espécies, enfim em todas as relações estabelecidas existe uma necessidade de reciprocidade para a sua manutenção. Se alguém dá o melhor de si, espera receber o melhor da parte com quem se relaciona. Se alguém está comprometido com a organização de forma semelhante ao porco com o X-Bacon qual a contrapartida da organização. Poderá a organização morrer pelo colaborador? Não. Da mesma forma nenhum colaborador deve morrer pela organização.
A partir desse ponto pode-se usar outra metáfora para avaliar se é melhor ter colaboradores envolvidos ou comprometidos. Tome-se como exemplo uma comparação entre namorados e casados. Os namorados, na maioria das vezes, vivem num estado superior de felicidade, onde são criativos, expansivos, capazes de anunciar seu amor e fazer loucuras para manter acesa sua chama, evitando cair na rotina, deixando bem claro todo o envolvimento existente. Por outro lado, os casados, muitas vezes, levam uma vida enfadonha e rotineira, resultado de comprometimento, sem a magia do envolvimento.
Transpondo as metáforas para a vida organizacional, pode-se questionar se faz mais falta um colaborador comprometido ou um colaborador envolvido. Particularmente, defende-se idéia que se necessita de um colaborador envolvido, que permita que ele seja criativo, sonhe, viaje, produza como um eterno namorado da organização. Não faz falta um colaborador comprometido, enfadonho, burocrático, sem alma, pois de acordo com a metáfora do porco e da galinha, ele já morreu pela empresa ou na empresa.
Portanto, buscam-se colaboradores envolvidos, encantados e enamorados de suas organizações, capazes de criar, sonhar e gerar resultados positivos uma, duas, três vezes e muitas vezes mais, assim como a galinha bota muitos ovos e sempre se renova ao poder colaborar na construção de outro X-Eggs. Assim como os namorados encantam, criam e declaram seu amor por meio de poemas, surpresas e não se cansam de repetir a grandiosidade da sua paixão. Essa reciprocidade do envolvimento é possível e viável também para as organizações, como a namorada que aceita o amor a ela dedicado e retribui de forma carinhosa, dando a atenção e o cuidado solicitado pelo namorado.
Por fim, as organizações prescindem de colaboradores comprometidos, que se dão tão somente uma vez, como o porco que sacrifica sua vida para doar o toucinho, ingrediente indispensável ao X-Bacon. Ou como o marido enfadado, com sua rotina matrimonial, que se joga no sofá para assistir a intermináveis partidas de futebol, embora comprometido. As organizações necessitam de colaboradores envolvidos e encantados com o seu trabalho que o fazem um sem número de vezes e continuam a fazê-lo com o mesmo entusiasmo, anunciando a todos a realização e o resultado do seu trabalho, assim como o namorado apaixonado que declama seu amor ou como a galinha que “cacareja” depois do serviço concluído.
Deste modo, independentemente do nome que tenha a gestão de pessoas numa organização, seja ela feita baseada em competências, com procedimentos de avaliação de desempenho ou de outra forma, o importante é que haja respeito e transparência deixando claro o que cada parte quer da outra. Nada contra o lucro ou a cobrança de resultado dos colaboradores, direito legítimo de cada organização, mas tudo contra a exigência de “comprometimento” sem a respectiva contrapartida. Acompanhar o desempenho dos colaboradores também é um direito organizacional, mas que seja feito demonstrando abertamente seus objetivos, porque é fácil identificar a diferença entre o discurso e a prática. Assim ter-se-á um colaborador eternamente envolvido, produtivo, encantado e enamorado de sua organização.

quinta-feira, 7 de agosto de 2008

A imprudência descola as penas

Moacir Jorge Rauber

Segundo a mitologia grega Dédalo era um dos melhores artesãos e inventores daquele período. Prestava seus serviços ao rei Minos, mas passado um tempo perdeu suas regalias, sendo enviado para a ilha de Creta, onde deveria passar o restante de sua vida isolado, juntamente com seu filho Ícaro. Dédalo usou sua inventividade para estudar uma forma de fugir da ilha. Ela estava muito longe para fugir a nado e sob vigilância constante da guarda real para usar um barco. Desenvolveu, então, dois pares de asas, colando as penas com cera. Após um período de treinamento acreditou que poderiam iniciar a fuga, mas disse para o seu filho, “Temos que manter um curso, não se aproxime demais do sol, pois o calor pode derreter a cera, nem desça muito próximo a água, pois a umidade pode fazer com que as penas se descolem”. Dito isso saiu voando seguido por Ícaro, que era muito vaidoso e pouco ajuizado. Inicialmente seguiu seu pai, mas logo após se habituar ao vôo Ícaro se empolgou e começou a voar mais alto, aproximando-se do sol. O calor começou a derreter a cera e as penas começaram a se soltar. Ainda tentou voltar, mas já era tarde demais. Terminou caindo e morrendo em alto mar.

Uma breve história que pode nos trazer inúmeras reflexões para a nossa vida, pessoal ou profissional. O planejamento realizado deve ser seguido enquanto ele estiver atendendo aos objetivos traçados. Caso o plano inicial se mostre ineficiente, deve-se refazê-lo, acrescentando, então, uma dose de ousadia para fazer frente a situações inusitadas. Portanto, não devemos ter tanta impetuosidade que gere imprudência, fazendo com que as penas se descolem. Mas, por outro lado, tampouco devemos ter tanta cautela que impeça a ousadia, impedindo-nos de dar asas aos sonhos. O equilíbrio está entre os extremos.

segunda-feira, 28 de julho de 2008

Equilíbrio entre oriente e ocidente

Moacir Jorge Rauber

Em tempo de mudança de valores morais, éticos e religiosos na cultura ocidental, em função da confusão generalizada sobre o que é o mais importante para cada um dos indivíduos que a compõe, há uma busca constante por novas direções, que muitas vezes, são dirigidas para outras culturas. Um dos focos da busca está localizado nas diferentes religiões e correntes filosóficas do oriente, como no hinduísmo, no taoísmo, no budismo, no confucionismo, entre tantas outras correntes de pensamento, que oferecem perspectivas “diferentes” do conhecimento humano. Elas são tratadas, muitas vezes, como a tábua da salvação dos seus novos conhecedores. Este é um aspecto positivo e importante do atual momento vivido pela humanidade, permitido e facilitado pela tecnologia disponível, porém, deve-se lembrar que nos locais de onde se originam estas ideologias, assim como em nossa cultura, sempre houve um grande caos social, marcado por diferenças de classes e por uma distribuição desigual da riqueza.

O ritmo frenético imposto pela lei de mercado, produto da cultura ocidental, tem gerado conflitos que leva um grande contingente de pessoas a buscar alívio nos conhecimentos presentes na cultura oriental. Toda semana aparece um novo texto, seja numa revista de recursos humanos, de política ou mesmo nos incontáveis e-mails que circulam na internet, utilizando-se de uma metáfora com uma mensagem salvadora, assim como periodicamente um escritor, um estudioso ou mesmo um executivo relata suas experiências sob a tutela de uma dessas correntes. Há de se concordar que todas elas, independentemente de suas raízes, trazem ensinamentos primorosos. O pensamento Hindu promove a tolerância entre as diferentes crenças, sejam elas religiosas ou não, entendendo que nenhuma delas pode ser a verdade absoluta. No Budismo os ensinamentos têm como princípios básicos o cultivo da própria mente, vivendo com moderação, preservando a vida por meio de fazer o bem. Sobre o Taoísmo pode-se dizer que ele dá ênfase a liberdade e a espontaneidade sócio-cultural. Por fim o Confucionismo ensina que “uma pessoa deve tornar sua própria conduta correta antes de tentar corrigir ou mandar nos outros”. Certamente os ensinamentos de cada uma dessas correntes de pensamento são muito mais extensas e profundas, mas se pode identificar a densidade da sabedoria que elas detêm, assim como o Cristianismo, base da cultura ocidental, ao resumi-lo na frase “ama o próximo como a ti mesmo”.
O problema aqui no ocidente, assim como lá no oriente, acredito, é a falta de sabedoria para por em prática a essência dos princípios de todas essas correntes. Em algumas delas as religiões se apoderaram dos ensinamentos, desvirtuando-os da sua essência. Em outras, as instituições públicas e políticas fizeram esse trabalho perverso. Em suma, pode-se perceber que em nenhum lugar essas correntes conseguiram se sobressair a tal ponto de impor uma ordem social de justiça. Na Índia, onde temos a predominância do Hiduísmo e do Budismo, o modelo de organização social tem mantido o fosso social baseado nas castas, condenando milhões de pessoas a viver abaixo da linha da miséria, justamente para continuar preservando os interesses das classes dominantes. Na China, onde o Confucionismo e o Taoísmo são os pensamentos que, em teoria, alicerçam a sociedade com o aval do sistema comunista, há trabalhadores que cumprem jornadas sobre humanas que chegam a 70 horas semanais e uma miséria social imensa. Enfim, toda a sabedoria oriental presente nestas correntes não foi capaz de encaminhar esses países para uma igualdade social mais justa. Assim como na cultura ocidental, onde predomina o cristianismo essas diferenças continuam.
Por fim, destaco que não tenho absolutamente nada contra a difusão e a busca do conhecimento e da sabedoria presentes nas correntes de pensamento oriental, mas sim contra aqueles que rivalizam as culturas, ao sobre valorizar uma em detrimento da outra. Por isso, nós devemos continuar buscando todo conhecimento que gere sabedoria ao ser aplicado, somando ocidente e oriente, encontrando um equilíbrio entre as diferentes culturas.

sexta-feira, 11 de julho de 2008

Nem tanto a Deus, nem tanto ao diabo

Moacir Jorge Rauber

Um pensamento quando é apresentado publicamente deve provocar nas pessoas reações de contribuição, de colaboração, de debate, de controvérsia, mas sempre por meio de argumentos. O que um pensamento ou uma teoria não precisa é arranjar seguidores ou opositores, porque tão somente se trata de uma proposta. Ela não precisa de seguidores porque um seguidor não amplia, não melhora e não aperfeiçoa uma teoria, mas sim limita o seu conteúdo porque não contesta, não contra-argumenta e não acrescenta nada àquilo inicialmente proposto. Do mesmo modo uma teoria não precisa de opositores que obedecem a máxima “Si hay gobierno soy contra”, porque estes não ajudam a construir, simplesmente destroem.

Essa proposição fica muito evidente nas histórias das grandes religiões mundiais. Pelo fato de elas terem seguidores ou opositores, muitas vezes, reduzem ou destroem a mensagem inicial proposta. Pode-se citar o budismo, o taoísmo, o hinduísmo, o islamismo entre outras grandes religiões atuais, que certamente provocariam o espanto e até o repúdio por parte daquele em quem os seus fundamentos se baseiam. Vou tomar o cristianismo como exemplo, cristão que sou. Imaginem se realmente Jesus Cristo pudesse retornar ao meio onde viveu e depois se aprofundar em tudo que já aconteceu e continua acontecendo nos quatro cantos do planeta em seu nome. Qual seria a sua reação se ele visse bispos, cardeais e papas ostentando vestimentas ricamente decoradas com fios de ouro, usando anéis com brilhantes e desfilando com um cajado adornado com pedras preciosas para apascentar o rebanho? Como será que Jesus Cristo reagiria frente às milhares de catedrais, templos, fazendas, mansões, palácios, redes de televisão e todo o império de riquezas comandado pelas diferentes, ricas e milionárias religiões cristãs? Qual seria sua posição numa daquelas sessões tão bem comandadas por pastores das mais diferentes igrejas ao extorquir as contribuições de seus fiéis para a “Obra do Senhor”? Sabendo que a sua teoria inicial tem como base “amar ao próximo como a si mesmo”, valorizando um reino espiritual e não material, provavelmente Jesus teria a reação que teve frente aos vendilhões do templo em Jerusalém, expulsando-os e proibindo-os de usarem o seu nome. Deste modo, se por um lado os seguidores provocaram esse desvirtuamento da proposta inicial, porque se apossaram dela, enquadraram-na e reduziram-na de acordo com seus interesses, criando em seu entorno uma rede de benefícios e beneficiários, por outro lado, se tivessem se sobressaído os opositores, simplesmente a teriam soterrado com todos os aspectos positivos intrínsecos a ela.

Por fim, os seguidores tiram quase tudo o que há de elevado no pensamento de alguém, reduzindo-o a uma doutrina, enquanto os opositores simplesmente o destroem. Por isso, temos que diminuir o número de seguidores e de doutrinados, bem como de oposicionistas pelo simples fato de ser contrário, valendo-nos da máxima “nem tanto a Deus, nem tanto ao diabo” para encontrar o equilíbrio.

segunda-feira, 30 de junho de 2008

Holofotes para quem merece

Moacir Jorge Rauber

A Gestão de Pessoas é uma área fascinante, deslumbrante, surpreendente, estratégica e desconcertante. O fascínio da área vem pelo contato com um sem número de pessoas que tem suas facetas e suas diferentes expectativas. O deslumbramento é provocado pelos diferentes sonhos que cada uma dessas pessoas carrega para dentro da organização. A capacidade que as pessoas com quem mantemos contato podem nos surpreender se reafirma periodicamente, podendo ser acompanhada pela área de Gestão de Pessoas. Sem sombra de dúvida é uma área Estratégica porque de nada serve os gestores organizacionais pensarem em processos de qualidade ou projetarem novas propostas de expansão da empresa se não puderem contar com as pessoas. Por fim, é uma área desconcertante porque, dificilmente, as luzes dos holofotes alcançam aqueles que realmente carregam o piano.

Digo isso porque como gestor já cometi esse erro e por constatar que as empresas e seus gestores continuam cometendo-o. Normalmente as empresas, por meio de seus gestores, movem mundos e fundos para conseguirem o engajamento de toda sua força produtiva, para que ela fique alinhada com a missão, com os objetivos e, enfim, alcancem os resultados efetivamente esperados por todas as partes atingidas pela organização. Além de toda a preocupação com a qualificação do pessoal e do trabalho de gestão do desempenho com a implementação de diferentes ferramentas de avaliação dos colaboradores, a parte motivacional é sempre trabalhada. Para esse fim, os exemplos esportivos de formação de uma equipe são amplamente usados e sua ilustração serve de base para as estratégias de superação com o fim de alcançar os resultados definidos nos planejamentos estratégicos das empresas. Muitas vezes, algumas equipes de futebol são citadas, descrevendo o seu planejamento, a execução fiel da rotina de treinamentos, a dedicação de todos os envolvidos, desde o pessoal de apoio, passando pela comissão técnica e chegando aos jogadores. Uma equipe envolvida, comprometida e vencedora é usada como a metáfora perfeita para a elevação da motivação. A diferença se percebe a partir daí. Uma vez que os objetivos são alcançados pela equipe esportiva, quem efetivamente faz com que todos atinjam os resultados são os jogadores, que também recebem os louros por isso. Todas as luzes dos holofotes são dirigidas a eles, alguns mais outros menos, mas indistintamente todos recebem sua quota de glórias pela conquista. A comissão técnica, assim como os dirigentes do clube também são reconhecidos pela imprensa especializada, mas o reconhecimento do grande público se volta principalmente para os executores do planejamento, ou seja, os jogadores. Esse reconhecimento também é perceptível na remuneração. Neste ponto as empresas e organizações, muitas vezes, se esquecem da contrapartida. Todo o trabalho e todo o empenho exigido dos colaboradores que executaram os processos de qualidade e que cumpriram com as estratégias para a expansão da empresa são amplamente festejados e dirigidos para a equipe, mas com destaque para os gestores. As luzes dos holofotes são dirigidas ao CEO e seus mais próximos, inclusive com grandes premiações em dinheiro. Diferentemente das equipes esportivas, onde as luzes cabem a quem realmente executou o serviço.

Uma divisão equânime com quem realmente fez com que o sucesso fosse alcançado é o passo que talvez falte ser dado pelos gestores quando da execução com êxito de um planejamento. Essa divisão deve ser mais bem realizada desde o reconhecimento pura e simplesmente até a questão financeira nele envolvida. A diminuição da diferença existente entre os grandes CEO’s e o chão de fábrica, o equilíbrio entre responsabilidade e merecimento, certamente, resultará numa equipe coesa e vencedora de forma muito mais duradoura. Luzes para quem merece faz uma grande diferença em qualquer equipe e esse talvez seja um dos maiores desafios da área de gestão de pessoas, para que ela continue sendo fascinante, deslumbrante, surpreendente, estratégica, mas deixe de ser desconcertante.

sábado, 21 de junho de 2008

Laços que libertam

Moacir Jorge Rauber

Diz a lenda Sioux que um valente guerreiro pretendia se casar com uma linda jovem da tribo. Ambos consideravam que o seu amor era tão grande que gostariam de um feitiço para fazer com que permanecessem sempre juntos, até a morte. Com essa idéia foram procurar o feiticeiro que lhes disse:
- “Antes, porém, vocês devem cumprir com uma tarefa muito difícil.”
O Feiticeiro pediu que ela fosse capturar um falcão no alto da montanha e o trouxesse vivo no terceiro dia depois da lua cheia. Da mesma forma pediu que o guerreiro procedesse capturando uma águia. Assim o fizeram e se apresentaram diante da tenda do Feiticeiro com as aves, que ordenou aos dois:
- “Amarrem-nas com um laço pelos pés e soltem-nas, para que voem livres...”
Assim o fizeram, mas logicamente que as aves não conseguiram voar. Minutos depois estavam se bicando a ponto de se machucarem. Percebendo que os jovens estavam um pouco desolados o Feiticeiro complementou:
- “Jamais esqueçam o que estão vendo! Vocês são como a águia e o falcão... se estiverem amarrados um ao outro, ainda que por amor, cedo ou tarde, começarão a machucar-se. Se quiserem que o amor entre vocês perdure, voem juntos, mas jamais amarrados.” (http://contoseparabolas.no.sapo.pt/03outros/indios.htm)

Este exemplo pode nos trazer inúmeras reflexões sobre o desafio da vida conjugal em tempos de mudanças constantes na profissão, na família e na sociedade. Ainda que as tenhamos nomeado separadamente estas três áreas são interdependentes. A busca por ser bem sucedido profissionalmente, tanto por ele quanto por ela, pode levá-los a rumos diferentes, inclusive separando-os fisicamente. Esses são momentos críticos, pois tratam de avanços por parte de um, que na maioria das vezes requer recuos por parte do outro. Da mesma forma o desejo de construir uma família por meio da concepção de filhos é outro ponto que facilmente gera conflitos, pois para a mulher ele tem peso completamente diferente do que para o homem. Para ela o período em que se afastará do trabalho em função da maternidade pode ocasionar perda de espaço profissional, mas, por outro lado, deve ter em mente que o desejo de ser mãe biologicamente tem prazo estipulado. São questões muitas vezes difíceis de conciliar com o desejo do homem em ser pai, embora para ele as implicações profissionais sejam infinitamente menores. Por fim, tem-se a interação social do casal, resultante da família e dos amigos, bem como dos colegas de profissão. Em todas essas esferas a ligação com o cônjuge deve se dar por meio da confiança e da transparência no convívio. A confiança deve ser dada, pois caso ela não seja merecida o problema será de quem não a mereceu e não de quem a deu, assim como a transparência nas atitudes e no comportamento deve ser uma premissa do casal. Deste modo, tanto a confiança quanto a transparência não podem ser conseguidas por meio do laço que prendeu a águia ao falcão, mas somente por laços que se criam pela convivência, pelo comportamento e pelas atitudes. Isto porque esses laços são invisíveis materialmente, mas completamente perceptíveis pelos envolvidos.

Essas reflexões nos fazem pensar que se deve aprender a voar na mesma direção com nossos cônjuges, sabendo avançar e recuar; dar e receber; ceder e aceitar, além de ser zelosos, sem contudo, aprisionar. Por isso, a liberdade faz com que nos mantenhamos juntos.

segunda-feira, 9 de junho de 2008

Quais são as suas vaquinhas?

Moacir Jorge Rauber

Diz a história que um mestre e seu discípulo caminhavam tranquilamente pelos campos de uma região. Avistaram um pequeno sítio do qual se aproximaram. Conversaram sobre amenidades quando o mestre, vendo a grande miséria de que padeciam os moradores, perguntou: Como vocês fazem para viver aqui? Bom, respondeu o dono da casa, nós temos uma vaquinha que nos dá o leite para que possamos nos alimentar. Quando sobra um pouco a gente vende e assim vamos levando a vida. O mestre ouviu atentamente, despediu-se e seguiu a caminhada. De passagem pela pastagem ele viu a vaquinha à beira de um barranco, aproximou-se e a empurrou despenhadeiro abaixo. O discípulo ficou apavorado e questionou o mestre Como é que eles vão viver agora? O mestre continuou calado e seguiu seu caminho. Anos mais tarde o mestre e seu discípulo transitavam pela mesma região e avistaram, no lugar do velho sítio, uma propriedade bem estruturada, com grande produção de grãos, leite, suínos, entre outros produtos. O mestre perguntou: O que aconteceu desde a última vez que estivemos aqui? Bom, responde o proprietário do sítio, no mesmo dia da sua última visita a nossa vaquinha caiu no precipício e morreu. No começo pensamos que seria o nosso fim. Mas a necessidade fez com que buscássemos outras alternativas, que resultou nessa propriedade produtiva. Neste momento o discípulo entendeu a atitude do mestre, que ao empurrar a vaquinha no barranco fez com que aquela família saísse da acomodação na qual se encontravam.

Essa história pode retratar muito bem a realidade da grande maioria de todos nós, que muitas vezes estamos tão acomodados em nossa rotina diária que não vemos as oportunidades. Fazemos todos os dias as mesmas coisas, seguindo a mesma rotina, certamente produzindo um resultado sempre igual. Essa rotina se conhece como zona de conforto, pois transitar por ela não gera sustos nem sobressaltos, porque não se mantém contato com nada que não se conheça, sendo confortável por isso. Mas pode acontecer um imprevisto, como chegar um desconhecido e acabar com nosso conforto ao empurrar a “vaca” no despenhadeiro. Esse é um constante perigo de quem permanece na zona de conforto, dependendo de uma só atividade ou habilidade. Por isso, faz-se necessário que algumas vezes saiamos de nossa rotina, caminhemos por novos caminhos, novas estradas, que nos possibilitem ver novas alternativas. Você sendo um empresário deve ficar atento as tendências do mercado para poder perceber novos nichos ou mesmo novos negócios. Para aqueles que estão no mercado vendendo o seu trabalho, faz-se necessário que ampliem suas redes de contato, que estudem e se aprimorem, adquirindo novas competências e desenvolvendo novas habilidades. Isto vale, inclusive, caso você seja um dos poucos afortunados plenamente satisfeitos com a sua vida. Isto porque, com ou sem você, o ambiente onde estamos está mudando.
Por fim, não quero dizer com isso que devemos sair “empurrando nossas vaquinhas despenhadeiro abaixo”, como fez o “mestre”, porque esse foi um tratamento de choque e de alto risco. Digo apenas que devemos ter um pensamento estratégico e uma visão sistêmica aguçada o suficiente para não dependermos de “uma vaquinha”, mas que nos permita aumentar o rebanho diminuindo, conseqüentemente, o risco. Isto porque se alguém empurrar uma de nossas vacas, ainda teremos outras para prosseguir a jornada sem maiores sobressaltos. Por isso pergunto, quais são as suas vaquinhas? Fique de olho...

sexta-feira, 30 de maio de 2008

Raso ou profundo?

Moacir Jorge Rauber

A tendência da horizontalidade nas organizações havia chegado muito antes na essência do homem moderno. O modelo administrativo que tem sido mais implementado e sugerido para alcançar as melhorias de produtividade exigidas pela alta competitividade de todos os setores de produção e comercialização é o da horizontalidade, com a conseqüente diminuição dos níveis hierárquicos. Deste modo as empresas se tornam planas, rasas e com poucos escalões, ganhando agilidade e competitividade. Porém, para chegar as organizações essa idéia já havia tomado forma na própria concepção do homem moderno, que também se desverticalizou, tornou-se plano, superficial, raso, pouco profundo, com menos preconceito.

Ao recuarmos no tempo, aproximadamente cem anos, a grande massa populacional dos países se concentrava nos campos, local de pouca tecnologia, no conceito moderno, mas de muito conhecimento. O homem, genericamente falando, era profundo e vertical, pois conhecia todo o processo de produção do qual dependia para subsistir no meio em que vivia. Por outro lado era autoritário e preconceituoso, dificilmente aceitando mudanças de posição ou de conceitos. Por sua profundidade poucos eram os insumos de que dependia sobre os quais ele não dominava a sua forma de produção, mas com o incremento da tecnologia, do conceito moderno, esse mesmo homem começou a se horizontalizar, não dominando mais todas as partes do processo. Deste modo, passou a comprar as partes que compunham o produto final de que precisava, dependendo então de outros produtores. Consequentemente, o homem rural, antes vertical, agora horizontal, perdeu competitividade e foi morar nas áreas metropolitanas, mas ganhou maleabilidade com a amenização de posições rígidas e diminuição de preconceitos.
O ano de 2008 marca a história como sendo o primeiro ano em que a população urbana é maior do que a população rural. Certamente, muitos desses novos moradores urbanos ainda lembram das histórias contadas por seus pais e avós que descrevem uma vida que já não é mais possível. Uma vida com valores e conhecimentos profundamente arraigados, personificando um homem completo, auto-suficiente, mas com uma enorme carga de preconceitos que beirava a insanidade, muito diferente do homem urbano atual, muitas vezes sem raízes, sem profundidade, mas muito mais maleável e ameno. Por isso, o homem não deve ser nem tão raso que seja superficial, nem tão profundo que seja intransigente.

terça-feira, 20 de maio de 2008

Comprar a melancia, mas não esvaziar o lago

Vejamos a história de Luiz, tirada do livro Histórias e Fábulas Aplicadas a Treinamento de Albigenor e Rose Militão, que trabalha na empresa há mais de cinco anos, exercendo sua função de forma como sempre foi orientado. Nos últimos seis meses foi contratado um novo funcionário, o José, no mesmo nível de Luiz. Para a surpresa deste, aquele no curto espaço de tempo de contratação já recebera uma promoção. Luiz fica indignado e vai falar com o patrão, que sempre lhe pareceu uma pessoa de bom senso. O patrão ouviu a reclamação de Luiz atentamente. Ao final da explanação prometeu que pensaria na situação, para logo em seguida pedir para que ele fosse verificar se tinha abacaxis na feira do outro lado da rua, pois pretendia fazer uma confraternização entre todos os funcionários no final da tarde. Luiz foi e retornou logo em seguida dizendo que no momento eles não tinham abacaxis. O patrão chama José e lhe dá a mesma ordem na presença de Luiz. José ao retornar dá a mesma notícia, porém acrescenta: “... mas tem melancias, melões e tangerinas, que estão com um bom preço, pois são frutas de época. As bananas, maçãs e uvas também estão com ótima aparência, um pouco mais caras, mas seriam ótimas para a festa”. Após essa explicação José se retira.O patrão olha para Luiz e diz: Esta atitude é uma das razões pelas quais ele foi promovido. Neste exemplo Luiz se mostrou completamente passivo, enquanto José foi proativo, conseguindo acrescentar ações positivas as rotinas da empresa.

Em função de exemplos como esse Proativo é a palavra da moda entre muitos pensadores, gurus do comportamento e orientadores de recolocação profissional. Considera-se proativa aquela pessoa que sempre faz algo a mais do que o esperado, conseguindo ter um diferencial no comportamento e nas suas atitudes, agregando valor. Por outro lado temos a palavra Reativo que caiu em desgraça junto a esses mesmos pensadores. Segundo eles nenhuma empresa ou organização precisa de alguém que seja reativo, ou seja, um crítico que oponha alguma reação ao proposto. Neste ponto vem a discordância. O que as empresas e organizações não precisam são pessoas de comportamento passivo e sem atitude, como no exemplo acima foi Luiz. Mas por outro lado as pessoas que compõe uma empresa ou organização devem ser um tanto quanto reativas no sentido de questionar e saber para que serve o que se está fazendo. Não podemos simplesmente sair executando ordens, melhorando os resultados se existem objetivos na empresa onde trabalhamos não lícitos ou gerem problemas para nós, nossa comunidade e para o nosso planeta. Se o patrão tivesse pedido para que um funcionário proativo como o José, sem características reativas, na calada da noite esvaziasse um lago de resíduos tóxicos, deixando-o vazar para um rio, certamente ele o faria esvaziando todos os lagos. A proatividade por si só não é uma virtude, ela tem que ter consciência e responsabilidade com relação aos seus atos. Não se pode mais aceitar pessoas que se defendam dizendo “Mas foi o chefe que mandou!” Num exemplo como o dos resíduos deve haver uma postura reativa dos funcionários, pois uma atitude como essa traria muitos prejuízos a todos.
Por isso a necessidade de avaliar as atitudes que tomamos como profissionais e como pessoas, sempre encontrando o Ponto de Equilíbrio entre ser Proativo e Reativo. Portanto, devemos ser proativos o suficiente para comprar a melancia, mas reativos o bastante para questionar o esvaziamento do lago.

segunda-feira, 5 de maio de 2008

A Menina ou o Bebê

Moacir Jorge Rauber

A história, retirada do site www.possibilidades.com.br, fala de uma senhora que foi visitar parentes com um recém-nascido. Ao entrar na casa ela encontrou os pais, o bebê e a filha mais velha, de 4 anos. A senhora cumprimentou os pais e, ignorando o bebê no colo da mãe, foi saudar a menina, para só então dedicar sua atenção ao bebê. Ao saudar primeiramente a menina não causou nenhum constrangimento ao bebê, porém tivesse ela saudado o bebê primeiro, relegando-a ao segundo plano, certamente teria lhe causado um sentimento de rejeição. O bebê representa o novo que é bom, que é positivo. A menina representa o que já existe, o antigo, que também deve ser preservado. Normalmente as atenções são voltadas exclusivamente para o novo, numa situação de desequilíbrio. Essa senhora foi capaz de preservar o que já existe e de perceber o novo, dando-lhes igual importância.
A necessidade de se encontrar o Ponto de Equilíbrio entre o Novo e o Antigo é evidente. O novo, muitas vezes, nos encanta, por outro lado, às vezes nos assusta. O Antigo, muitas vezes, nos cansa, por outro lado, também nos traz segurança. Essas situações tendem a nos gerar uma série de inquietações, principalmente num tempo onde as mudanças não param de acontecer em que as novidades surgem diariamente, superando e enterrando o antigo rapidamente. Essas novidades variam desde o comportamento, até novas tecnologias. Há bem pouco tempo tínhamos a segurança de definir uma profissão no início de nossas vidas e saber que seríamos esse profissional até o final de nossos dias. Caso meu pai fosse “alfaiate” por exemplo, era bem provável que eu também o fosse. Hoje, essa profissão está praticamente extinta, assim como muitas outras desaparecerão dando lugar a novas. São cobradores de ônibus sendo trocados por catracas eletrônicas; são operários substituídos por robôs; são ordenhadeiras mecânicas tomando o lugar dos peões; e assim o Novo vai substituindo o Antigo. Esse fenômeno também ocorre com os costumes. Por exemplo, em muitas cidades era comum se formarem aquelas rodas de conversas entre amigos no final da tarde, que têm sido substituídas pela televisão e pela internet; o comportamento dos jovens também já não é o mesmo, praticamente em todas as FACETAS!. Neste caso, mudou-se a relação com os pais, com os mais velhos, a sua relação com o próprio corpo e consigo mesmo. E isso sempre é positivo? Para muitas situações sim, para outras não. Essa pergunta pode ser respondida pelo nome da coluna, pois é importante que se encontre o Ponto de Equilíbrio entre o Antigo e o Novo. Temos que saber avaliar para não repudiarmos o que é inevitável e positivo em nome de mantermos antigos costumes. Mas também temos que saber avaliar e dizer não para novidades que não acrescentem e que não nos melhorem como pessoas, como família e como sociedade. Temos que ter a sabedoria para aceitar o novo, sem renegar o que já existe.
As novas tecnologias, na verdade, são muito mais antigas do que parecem. A existência de toda essa parafernália tecnológica, que inclui a nanotecnologia e a biotecnologia, somente foi possível pela construção do conhecimento na trajetória da humanidade em sua luta pela sobrevivência iniciada há mais de 100 mil anos. Sem o domínio da tecnologia para acender uma fogueira, que hoje nos parece algo tão pueril, não teríamos conseguido manipular os metais, impedindo-nos de avançar em muitos outros campos. Desta forma, todo o conhecimento envolvido na construção de um novo super computador é resultado do acúmulo do conhecimento da humanidade. Assim, o Ponto de Equilíbrio nos permite ver o Novo sem desrespeitar o Antigo, porque se aquele existe é porque este o antecedeu. Deste modo, é importante que não nos descuidemos da menina com a chegada do bebê.
Envie a sua história de equilíbrio entre o Novo e o Antigo. Lembre-se, pense, converse com seus amigos e descubra em que situação o Novo e o Antigo convivem em harmonia ou não.

Algumas Divagações sobre o Ponto de Equilíbrio

Moacir Jorge Rauber

Sempre se fala no privilégio, na beleza e na maravilha do fato de sermos únicos, exclusivos, singulares, especiais, entre outros adjetivos relativos a nossa característica humana de dessemelhança para com todos os demais no planeta. Mas, por outro lado, também se deve destacar que o que nos torna únicos é a nossa pluralidade, a nossa multiplicidade de Facetas com as quais nos apresentamos. E buscar o Equilíbrio entre a individualidade e a pluralidade, considerando os extremos a que somos expostos rotineiramente, é o grande desafio.
Considere-se Equilíbrio, em alguns de seus significados segundo o Moderno Dicionário da Língua Portuguesa (Michaelis/UOL), como “proporção, harmonia, e­qui­valência de forças antagônicas num sistema fechado de inter-relação dinâmica, come­dimento, e domínio de si mesmo”. O que está expresso no conceito de Equilíbrio é o que nós almejamos para viver satisfatoriamente. Mas nós nos defrontamos com uma série de variantes que nos influenciam para um lado ou outro. Nós somos plurais, com diversas Facetas, mas por outro lado nós somos únicos. Conviver com a multiplicidade resultante dessa equação torna-se difícil. Somos indivíduos, mas temos nossa face família, nosso lado comunidade, nossa parte política, nossa porção profissional, entre outras frações em que nos dividimos. Também em nossas atitudes somos diversos, porque às vezes somos fortes ou fracos, corajosos ou covardes, independentes ou carentes, audaciosos ou medrosos, extrovertidos ou tímidos, aventureiros ou prudentes, românticos ou realistas, responsáveis ou estouvados, enfim, com quantas outras Facetas mais podemos nos apresentar com relação as atitudes. Nós podemos ser aquele que sente, que pensa ou que fala. Também podemos ser aquele que ouve, que vê ou que percebe. Analisando-nos somente dentro destas particularidades já seríamos muitos num só. Enfim, nós podemos ponderar sobre cada uma de nossas Facetas podendo subdividi-las em outras tantas, não chegando a um consenso sobre quem ou quantos nós realmente somos. Porque quando pensamos podemos fazê-lo de diferentes maneiras sobre o mesmo ou sobre diversos assuntos; quando sentimos somos acometido pelos mais variados sentimentos, como amor, ódio, paixão, raiva, gratidão, inveja, entre outros tantos sentimentos positivos e negativos, geralmente carregados de emoção que nos dão múltiplas Facetas. Quando falamos podemos dizer o que pensamos ou ocultar, expressando-nos com diferentes palavras daquelas realmente pensadas. Quando ouvimos podemos fazê-lo de forma a selecionar o que realmente nos interessa e não o que deveríamos ouvir. Quando vemos, de igual modo, podemos fazê-lo sob muitos ângulos e diferentes prismas. E quando percebemos podemos perceber de tantas maneiras que não há palavras, pensamentos, atitudes ou sentimentos que possam expressar a diversidade de Facetas oriundas da profusão de percepções em que nos transformamos.
É essa multiplicidade, essa pluralidade pelas incontáveis reações e percepções de nossas diferentes Facetas que nos transforma em seres únicos. Embora seja esse contraponto que nos tem levado ao desequilíbrio, ampliadas pelas inúmeras interferências do ambiente externo, como trabalho, sociedade e família. Essas condições nos levam a amar ou odiar demais nas relações pessoais; a nos dedicar ou nos descuidar demais nas relações profissionais; ou a dar ou esperar demais nas relações sociais. Esses exageros se aplicam a quase todas as esferas de nossas vidas, alcançando nossas diferentes FACETAS!. Na alimentação, na bebida, nas críticas ou nos elogios, muitas vezes exageramos para lá ou para cá. E, nós não precisamos ser cientistas para saber que o equilíbrio se encontra no meio termo, que nos levará a uma vida harmônica. Mas como fazê-lo? Eis o desafio.
O primeiro texto será A Menina ou o Bebê que trata do Ponto de Equilíbrio entre dois extremos. Leia e comente.