segunda-feira, 30 de junho de 2008

Holofotes para quem merece

Moacir Jorge Rauber

A Gestão de Pessoas é uma área fascinante, deslumbrante, surpreendente, estratégica e desconcertante. O fascínio da área vem pelo contato com um sem número de pessoas que tem suas facetas e suas diferentes expectativas. O deslumbramento é provocado pelos diferentes sonhos que cada uma dessas pessoas carrega para dentro da organização. A capacidade que as pessoas com quem mantemos contato podem nos surpreender se reafirma periodicamente, podendo ser acompanhada pela área de Gestão de Pessoas. Sem sombra de dúvida é uma área Estratégica porque de nada serve os gestores organizacionais pensarem em processos de qualidade ou projetarem novas propostas de expansão da empresa se não puderem contar com as pessoas. Por fim, é uma área desconcertante porque, dificilmente, as luzes dos holofotes alcançam aqueles que realmente carregam o piano.

Digo isso porque como gestor já cometi esse erro e por constatar que as empresas e seus gestores continuam cometendo-o. Normalmente as empresas, por meio de seus gestores, movem mundos e fundos para conseguirem o engajamento de toda sua força produtiva, para que ela fique alinhada com a missão, com os objetivos e, enfim, alcancem os resultados efetivamente esperados por todas as partes atingidas pela organização. Além de toda a preocupação com a qualificação do pessoal e do trabalho de gestão do desempenho com a implementação de diferentes ferramentas de avaliação dos colaboradores, a parte motivacional é sempre trabalhada. Para esse fim, os exemplos esportivos de formação de uma equipe são amplamente usados e sua ilustração serve de base para as estratégias de superação com o fim de alcançar os resultados definidos nos planejamentos estratégicos das empresas. Muitas vezes, algumas equipes de futebol são citadas, descrevendo o seu planejamento, a execução fiel da rotina de treinamentos, a dedicação de todos os envolvidos, desde o pessoal de apoio, passando pela comissão técnica e chegando aos jogadores. Uma equipe envolvida, comprometida e vencedora é usada como a metáfora perfeita para a elevação da motivação. A diferença se percebe a partir daí. Uma vez que os objetivos são alcançados pela equipe esportiva, quem efetivamente faz com que todos atinjam os resultados são os jogadores, que também recebem os louros por isso. Todas as luzes dos holofotes são dirigidas a eles, alguns mais outros menos, mas indistintamente todos recebem sua quota de glórias pela conquista. A comissão técnica, assim como os dirigentes do clube também são reconhecidos pela imprensa especializada, mas o reconhecimento do grande público se volta principalmente para os executores do planejamento, ou seja, os jogadores. Esse reconhecimento também é perceptível na remuneração. Neste ponto as empresas e organizações, muitas vezes, se esquecem da contrapartida. Todo o trabalho e todo o empenho exigido dos colaboradores que executaram os processos de qualidade e que cumpriram com as estratégias para a expansão da empresa são amplamente festejados e dirigidos para a equipe, mas com destaque para os gestores. As luzes dos holofotes são dirigidas ao CEO e seus mais próximos, inclusive com grandes premiações em dinheiro. Diferentemente das equipes esportivas, onde as luzes cabem a quem realmente executou o serviço.

Uma divisão equânime com quem realmente fez com que o sucesso fosse alcançado é o passo que talvez falte ser dado pelos gestores quando da execução com êxito de um planejamento. Essa divisão deve ser mais bem realizada desde o reconhecimento pura e simplesmente até a questão financeira nele envolvida. A diminuição da diferença existente entre os grandes CEO’s e o chão de fábrica, o equilíbrio entre responsabilidade e merecimento, certamente, resultará numa equipe coesa e vencedora de forma muito mais duradoura. Luzes para quem merece faz uma grande diferença em qualquer equipe e esse talvez seja um dos maiores desafios da área de gestão de pessoas, para que ela continue sendo fascinante, deslumbrante, surpreendente, estratégica, mas deixe de ser desconcertante.

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