segunda-feira, 28 de julho de 2008

Equilíbrio entre oriente e ocidente

Moacir Jorge Rauber

Em tempo de mudança de valores morais, éticos e religiosos na cultura ocidental, em função da confusão generalizada sobre o que é o mais importante para cada um dos indivíduos que a compõe, há uma busca constante por novas direções, que muitas vezes, são dirigidas para outras culturas. Um dos focos da busca está localizado nas diferentes religiões e correntes filosóficas do oriente, como no hinduísmo, no taoísmo, no budismo, no confucionismo, entre tantas outras correntes de pensamento, que oferecem perspectivas “diferentes” do conhecimento humano. Elas são tratadas, muitas vezes, como a tábua da salvação dos seus novos conhecedores. Este é um aspecto positivo e importante do atual momento vivido pela humanidade, permitido e facilitado pela tecnologia disponível, porém, deve-se lembrar que nos locais de onde se originam estas ideologias, assim como em nossa cultura, sempre houve um grande caos social, marcado por diferenças de classes e por uma distribuição desigual da riqueza.

O ritmo frenético imposto pela lei de mercado, produto da cultura ocidental, tem gerado conflitos que leva um grande contingente de pessoas a buscar alívio nos conhecimentos presentes na cultura oriental. Toda semana aparece um novo texto, seja numa revista de recursos humanos, de política ou mesmo nos incontáveis e-mails que circulam na internet, utilizando-se de uma metáfora com uma mensagem salvadora, assim como periodicamente um escritor, um estudioso ou mesmo um executivo relata suas experiências sob a tutela de uma dessas correntes. Há de se concordar que todas elas, independentemente de suas raízes, trazem ensinamentos primorosos. O pensamento Hindu promove a tolerância entre as diferentes crenças, sejam elas religiosas ou não, entendendo que nenhuma delas pode ser a verdade absoluta. No Budismo os ensinamentos têm como princípios básicos o cultivo da própria mente, vivendo com moderação, preservando a vida por meio de fazer o bem. Sobre o Taoísmo pode-se dizer que ele dá ênfase a liberdade e a espontaneidade sócio-cultural. Por fim o Confucionismo ensina que “uma pessoa deve tornar sua própria conduta correta antes de tentar corrigir ou mandar nos outros”. Certamente os ensinamentos de cada uma dessas correntes de pensamento são muito mais extensas e profundas, mas se pode identificar a densidade da sabedoria que elas detêm, assim como o Cristianismo, base da cultura ocidental, ao resumi-lo na frase “ama o próximo como a ti mesmo”.
O problema aqui no ocidente, assim como lá no oriente, acredito, é a falta de sabedoria para por em prática a essência dos princípios de todas essas correntes. Em algumas delas as religiões se apoderaram dos ensinamentos, desvirtuando-os da sua essência. Em outras, as instituições públicas e políticas fizeram esse trabalho perverso. Em suma, pode-se perceber que em nenhum lugar essas correntes conseguiram se sobressair a tal ponto de impor uma ordem social de justiça. Na Índia, onde temos a predominância do Hiduísmo e do Budismo, o modelo de organização social tem mantido o fosso social baseado nas castas, condenando milhões de pessoas a viver abaixo da linha da miséria, justamente para continuar preservando os interesses das classes dominantes. Na China, onde o Confucionismo e o Taoísmo são os pensamentos que, em teoria, alicerçam a sociedade com o aval do sistema comunista, há trabalhadores que cumprem jornadas sobre humanas que chegam a 70 horas semanais e uma miséria social imensa. Enfim, toda a sabedoria oriental presente nestas correntes não foi capaz de encaminhar esses países para uma igualdade social mais justa. Assim como na cultura ocidental, onde predomina o cristianismo essas diferenças continuam.
Por fim, destaco que não tenho absolutamente nada contra a difusão e a busca do conhecimento e da sabedoria presentes nas correntes de pensamento oriental, mas sim contra aqueles que rivalizam as culturas, ao sobre valorizar uma em detrimento da outra. Por isso, nós devemos continuar buscando todo conhecimento que gere sabedoria ao ser aplicado, somando ocidente e oriente, encontrando um equilíbrio entre as diferentes culturas.

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