segunda-feira, 5 de maio de 2008

A Menina ou o Bebê

Moacir Jorge Rauber

A história, retirada do site www.possibilidades.com.br, fala de uma senhora que foi visitar parentes com um recém-nascido. Ao entrar na casa ela encontrou os pais, o bebê e a filha mais velha, de 4 anos. A senhora cumprimentou os pais e, ignorando o bebê no colo da mãe, foi saudar a menina, para só então dedicar sua atenção ao bebê. Ao saudar primeiramente a menina não causou nenhum constrangimento ao bebê, porém tivesse ela saudado o bebê primeiro, relegando-a ao segundo plano, certamente teria lhe causado um sentimento de rejeição. O bebê representa o novo que é bom, que é positivo. A menina representa o que já existe, o antigo, que também deve ser preservado. Normalmente as atenções são voltadas exclusivamente para o novo, numa situação de desequilíbrio. Essa senhora foi capaz de preservar o que já existe e de perceber o novo, dando-lhes igual importância.
A necessidade de se encontrar o Ponto de Equilíbrio entre o Novo e o Antigo é evidente. O novo, muitas vezes, nos encanta, por outro lado, às vezes nos assusta. O Antigo, muitas vezes, nos cansa, por outro lado, também nos traz segurança. Essas situações tendem a nos gerar uma série de inquietações, principalmente num tempo onde as mudanças não param de acontecer em que as novidades surgem diariamente, superando e enterrando o antigo rapidamente. Essas novidades variam desde o comportamento, até novas tecnologias. Há bem pouco tempo tínhamos a segurança de definir uma profissão no início de nossas vidas e saber que seríamos esse profissional até o final de nossos dias. Caso meu pai fosse “alfaiate” por exemplo, era bem provável que eu também o fosse. Hoje, essa profissão está praticamente extinta, assim como muitas outras desaparecerão dando lugar a novas. São cobradores de ônibus sendo trocados por catracas eletrônicas; são operários substituídos por robôs; são ordenhadeiras mecânicas tomando o lugar dos peões; e assim o Novo vai substituindo o Antigo. Esse fenômeno também ocorre com os costumes. Por exemplo, em muitas cidades era comum se formarem aquelas rodas de conversas entre amigos no final da tarde, que têm sido substituídas pela televisão e pela internet; o comportamento dos jovens também já não é o mesmo, praticamente em todas as FACETAS!. Neste caso, mudou-se a relação com os pais, com os mais velhos, a sua relação com o próprio corpo e consigo mesmo. E isso sempre é positivo? Para muitas situações sim, para outras não. Essa pergunta pode ser respondida pelo nome da coluna, pois é importante que se encontre o Ponto de Equilíbrio entre o Antigo e o Novo. Temos que saber avaliar para não repudiarmos o que é inevitável e positivo em nome de mantermos antigos costumes. Mas também temos que saber avaliar e dizer não para novidades que não acrescentem e que não nos melhorem como pessoas, como família e como sociedade. Temos que ter a sabedoria para aceitar o novo, sem renegar o que já existe.
As novas tecnologias, na verdade, são muito mais antigas do que parecem. A existência de toda essa parafernália tecnológica, que inclui a nanotecnologia e a biotecnologia, somente foi possível pela construção do conhecimento na trajetória da humanidade em sua luta pela sobrevivência iniciada há mais de 100 mil anos. Sem o domínio da tecnologia para acender uma fogueira, que hoje nos parece algo tão pueril, não teríamos conseguido manipular os metais, impedindo-nos de avançar em muitos outros campos. Desta forma, todo o conhecimento envolvido na construção de um novo super computador é resultado do acúmulo do conhecimento da humanidade. Assim, o Ponto de Equilíbrio nos permite ver o Novo sem desrespeitar o Antigo, porque se aquele existe é porque este o antecedeu. Deste modo, é importante que não nos descuidemos da menina com a chegada do bebê.
Envie a sua história de equilíbrio entre o Novo e o Antigo. Lembre-se, pense, converse com seus amigos e descubra em que situação o Novo e o Antigo convivem em harmonia ou não.

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